ANDERSON GOUVEIA

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Escalada Juvenil Brasileira, a importância de se preocupar com o futuro.


"O futuro é uma espécie de banco ao qual vamos remetendo, um a um, os cheques de nossas esperanças. Ora, não é possível que todos os cheques sejam sem fundo". (Mario Quintana)


Fotos: arquivo pessoal e site www.altamontanha.com.br


Alguns atletas que já estiveram participando dos projetos
 e competições de incentivo a Escalada Juvenil no Brasil 
  

 Prêmio Destaque do Esporte de Montanha 2014

Neste mês de dezembro tive a agradável surpresa de receber do "Blog Descalada" um  prêmio  pelos meus projetos de incentivo a escalada juvenil no Brasil.
Há quase 10 anos venho realizando projetos com a escalada juvenil, na verdade acredito que minha vida seria muito mais fácil e tranqüila se eu estivesse engajado apenas em meus projetos pessoais como atleta, como coordenador da academia Via Aventura ou como sócio de uma loja de equipamentos para escalada. Mas a escalada juvenil foi entrando na minha vida de uma maneira que hoje não consigo mais separar as coisas.  É claro que fazendo desta forma não consigo me dedicar 100%  mas tento fazer o melhor possível, pois bem ou mal tudo está ligado a mesma paixão: a escalada.
Sempre trabalhei em ginásios de escalada então ao longo da minha vida já ajudei muitos iniciantes a conhecer e evoluir na escalada,  muitos destes eram crianças ou jovens com um super potencial de evolução no esporte. Mas sempre havia um problema: com a falta de incentivo eles acabavam sem motivação para treinar pois quando tinha um campeonato era o Campeonato Brasileiro adulto.
Viajando para competir pelo mundo fui vendo que todos os grandes atletas começaram a treinar muito cedo e a maioria já vivenciava há muito tempo este universo de competição na escalada, sendo em campeonatos infantis regionais, em campeonatos junior ou até no Mundial Juvenil antes de chegar ao adulto. Eu comecei a escalar com 12 anos (o que já não é tão cedo) e como eu queria que isso tivesse acontecido comigo, que eu tivesse possibilidade de ter um grande ginásio para escalar, um treinador para me orientar e  campeonatos específicos para minha faixa de idade... Mas naquela época a evolução mundial da escalada já estava acontecendo enquanto o Brasil  estava apenas começando a conhecer a escalada de competição.

Os primeiros Mundiais Juvenis como Treinador

David Lama no Juvenil da Áustria
Como eu disse ao longo da minha história na escalada eu conheci e treinei muitos jovens com um potencial grande mas  o primeiro que realmente teve possibilidade de  viajar comigo para competir em um mundial juvenil foi o Dhyan Amorin em 2005 na Áustria. Naquele campeonato juvenil o grande vencedor o David Lama que hoje também já é bem conhecido pelos brasileiros. 
 Áustria em 2005



Depois disso em 2008 voltei a viajar como treinador do atleta Caio Lopes, que participou do mundial juvenil da Austrália onde tive também o prazer de ser um dos route setters da competição.  Estive com o Caio em outros 2 Mundiais Juvenis e uma Copa do Mundo.
Eu e o Caio Lopes na Austrália em 2008

Route Setter  no Campeonato Mundial
Juvenil de 2008





















Projetos Pró-Escalar 2009 e 2010

Vendo aquela multidão de atletas tão pequenos e fortíssimos surgiu uma imensa vontade de investir em um projeto no Brasil. Então em 2009 com apoio da Fepam e da CBME foi criada a primeira Seleção Brasileira Juvenil  com o projeto Pró-Escalar. Os atletas foram selecionados através de um campeonato e à partir daí tiveram o suporte de  voluntários educadores físicos orientando os treinamentos e também  médicos, fisioterapeutas e outros profissionais.  Neste ano conseguimos um patrocínio da empresa Kraft   que viabilizou que o primeiro lugar de cada categoria ganhasse a passagem aérea  para a cidade de Valance na França onde aconteceu o Mundial Juvenil. Ao todo 14 atletas de diferentes categorias participaram do Mundial. Foi um grande ano.
Seleção Brasileira Juvenil no Campeonato Mundial
 Juvenil de Valence- França 2009


O projeto se repetiu no ano seguinte em 2010 sendo que neste ano também conseguimos  patrocínio de parte das passagens aéreas para o Campeonato Mundial Juvenil em Edimburgo na Escócia.
Nestes projetos empresas brasileiras como a Conquista apoiaram os atletas  oferecendo material como mochilas, cadeirinhas, uniformes.. Academias como a Via Aventura, a Campo Base e a Casa de Pedra ofereceram os espaços para as seletivas e os treinamentos. Outras empresas como a Território, a CBL Tech , Curtlo, Pico Paraná e Pro Grip também apoiaram os atletas.
Seleção Brasileira Juvenil no Campeonato
Mundia de Edimburgo-Escócia 2010


Tenho que ser sincero que foi neste mesmo período que senti uma imensa tristeza com a falta de apoio e pelas muitas críticas de escaladores pelo Brasil. Poucas pessoas se ofereceram realmente para ajudar no projeto, mas muitas apareceram para apontar o que faltava ou dar “sugestões” no projeto. Eu tinha deixado de lado meus próprios treinamentos e minha família para cuidar da Seleção Juvenil, então eu acreditei que pelo numero de pessoas se envolvendo dessa forma em nosso projeto era possível que essas mesmas pessoas viessem a criar um projeto próprio ou dar continuidade ao que tínhamos começado, os anos se passaram e não aconteceu.
Alexandre Tanhoffer no Petzen Trophy

Petzen Trophy
Então três anos depois em 2013,  vendo que  tudo relacionado a isso estava parado eu retomei minha idéia de incentivar os pequenos, mas desta vez em um projeto menor e mais particular eu viajei com atleta Alexandre Tanhoffer para ele participar de um campeonato juvenil que acontece todo ano na Áustria, o Petzen Trophy, que é um campeonato com atletas ainda mais jovens que o campeonato mundial ( no mundial a idade mínima é 14 anos, no Petzen Trophy 6 anos).
Petzen Trophy 2013 na Áustria
















Estando lá e vendo aquelas crianças representando seus países com tanto amor encontrei novamente motivação para mais uma vez  investir no  Brasil, então em 2014 consegui juntar uma equipe de 5 atletas para ir a Áustria novamente e neste ano as escaladoras Hellen Christina (categoria acima de 16 anos) e Mariana Hanggi (categoria abaixo de 10 anos) conquistaram excelentes colocações, 6º e 7º lugar.
Marina Hanggi e Francisco Grando no Petzen Trophy 2014

Equipe de 2014: eu, Hellen. Alexandre, Mariana,
Francisco e Pedro.

Retomada das Competições Juvenis

Em 2014, voltando da Áustria também retomei a organização de competições nacionais juvenis, também com um projeto  menor com “teste”, que foi o 1º Paraná Open de Escalada Infanto Juvenil. Este campeonato foi nos mesmos moldes do Petzen Trophy, com 4 categorias separadas para atletas de 6 a 18 anos. Fiquei surpreso e extremamente feliz com a quantidade de empresas  que me procuraram espontaneamente oferecendo apoio e voluntários oferecendo ajuda na organização. Para mim foi um momento muito especial pois vi as três academias de escalada de Curitiba (Campo Base, Via Aventura e Caverna) trabalhando juntas na organização do evento.
Organização do Paraná Open Infanto Juvenil 2014



















Depois deste campeonato muitos pais me procuraram perguntando sobre a possibilidade de seus filhos estarem participando do Petzen Trophy de 2016 então minha perspectiva é de que no próximo ano a gente possa ter uma equipe ainda maior participando de eventos internacionais e nacionais.
Cada vez mais vejo vídeos e fotos de pequenos escalando pelo Brasil, muitos desses são filhos de escaladores da minha geração, então acredito que este é o momento de investir no futuro. Se conseguirmos encontrar uma forma de mantê-los no esporte acredito que temos todas as possibilidades de em um futuro próximo ter uma equipe forte com vários atletas representando o Brasil em campeonatos mundiais de escalada e por que não dizer, um campeão ou campeã mundial de escalada.


Vejo muitos pais incentivando sozinhos seus filhos nesta empreitada então neste momento acredito na força da união. Atletas jovens nós temos, o que precisamos no momento são pessoas motivadas a se unir para ajudá-los. Quando você incentiva um jovem a escalar nada se perde, mesmo que um dia você perceba que ele não gosta do ambiente de competições com a prática provavelmente seu desenvolvimento físico e mental  (tão importantes nesta fase) foram aprimorados e isso ele vai levar pelo resto da vida. Independente do ambiente de competição, quanto mais incentivarmos os jovens a escalar mais praticantes teremos e a escalada brasileira depende disso.


Agradeço imensamente pelo prêmio e pelo reconhecimento dado pelo Blog Descalada e por cada atleta que já treinou comigo ou que já participou dos projetos ou competições. Cada passo é importante, o incentivo das entidades ligadas a escalada no Brasil, o apoio dos pais, o apoio das empresas, o apoio das academias de escalada e de seus instrutores,  a participação dos jovens nestes projetos e competições e até a presença do público que assiste essas competições são forças que somadas farão o futuro da escalada no Brasil.
Um grande abraço a todos.

Fotos: arquivo pessoal e site altamontanha.com.br
Seleção Juvenil de 2009

Mariana Hanggi escalando comigo no Anhangava

Organização das Competições Juvenis

Cartaz da Seletiva de 2009



Seletiva de 2010

Mundial da Áustria 2005

Mundial da Austrália 2008

Petzen Trophy 




















domingo, 12 de outubro de 2014

Escalando na Tailândia (Climb in Thailand)

Conquista do World Climb Tour:

Quando comecei a escalar há mais de 20 anos atrás não imaginava que iria tão longe (literalmente) com essa história...  mas  as coisas foram acontecendo meio que sem querer. A medida que eu ia evoluindo na escalada foi surgindo uma enorme vontade de conhecer mais  setores de escalada, culturas diferentes.. e a cada lugar, cada país que eu conhecia a vontade só aumentava e mal eu voltava de uma viagem já me pegava planejando a próxima.
Com tudo isso veio também a vontade de passar por todos os continentes do planeta escalando e foi aí que surgiu o meu projeto “World Climb Tour”, o qual felizmente eu consegui finalizar com minha ultima viagem à Tailândia, cumprindo minha passagem pelo último continente que faltava: a Ásia. Mas essa história de Climb Tour é pra outro dia, vamos falar da Tailândia!
Locais onde já estive escalando!




Onde ficar:

De inicio não tínhamos uma ideia muito clara de qual seria o melhor local para se hospedar, mas fazendo uma pequena pesquisa descobri que o entorno  da península de Phra Nang (Pranang) é onde estão os principais setores de escalada da região, as quatro principais áreas são Tonsai, West  Railay, East Railay e Pranang . Essa península fica próxima a cidade de Ao Nang  na região de Krabi e é acessível só por barcos, por causas das falésias de calcário que cortam o acesso. Descobri que colado a essas áreas está Ao Nang, onde você consegue valores de hospedagem melhores e muitas opções de comércio e restaurantes. Por essa razão decidimos ficar lá o que foi uma excelente escolha.  Você pode pegar um barco por um preço muito baixo (aprox 7 reais) e atravessar para os setores de escalada todo dia sem nenhum problema. Nossa rotina era acordar, tomar café no hotel, pegar o barco para os setores de escalada, escalar o dia todo, voltar para Ao Nang e jantar no Wine V Bar e Bistrô, que tinha uma ótima comida, ambiente, atendimento e o melhor:  um ótimo preço também (aprox  de 15 a 20 reais o prato).




Nossa cabana no Cliff View Resort em Ao Nang




Wine V Bar e Bistrô .












Os setores:

Na região de Krabi para onde viajamos existe vários setores de escalada com aproximadamente 700 vias de 5° a 10° grau, mas o que mais chama a atenção é a península de Phra Nang (Pranang), onde existem quatro principais áreas de escalada: Tonsai, West  Railay, East Railay e Pranang . Você tem acesso andando de uma área para outra e ainda de Railay para Pranang você tem uma passagem por dentro de uma caverna na Thaiwand Wall, porém precisa de lanternas, de preferência head lamps.   
Nós estivemos escalando em todas as áreas e com certeza a que mais recomendo é Tonsai, onde tem o maior número de setores e vias. A área de East Railay normalmente é a mais lotada por escaladores, é por lá que os guias levam os turistas para escalar pois tem muitas vias fáceis, então se você quiser evitar aquele “crowded” evite esse setor! A Tailândia não é um lugar para você encadenar aquele projeto da sua vida e sim para desfrutar da escalada como um todo.

Caverna da Taiwand Tower

Escolhendo as vias em Tonsai Roof

O clima:

A melhor  época para escalar na região é de novembro a março pois o clima é mais seco, mas tudo fica mais caro também. Fomos no final de setembro, não choveu nenhum dia durante a escalada (só a noite) mas o clima estava bem úmido então ficávamos totalmente molhados de suor durante a escalada, isso misturado com a areia da praia não era nada bom... Não era uma boa época pra tentar escalar focado no grau pois as mãos (e todo resto do corpo também) ficavam suadas o tempo todo e não há magnésio que resolva! Mas a região tem muitas vias, então você pode escalar bastante e se divertir mesmo assim, basta escalar na sombra e na hora certa.



Proteções das Vias:

As proteções das vias são um detalhe à parte!!  Nos guias mais atuais como o “ King Climbers ou o The Procket Guide 2013” existe indicação  das vias com proteções corretas ou vias não recomendadas. As proteções de Titânio são as mais recomendadas mas algumas em inox ainda podem ser usadas também.  Muitas vias tem um misto de chapas e cordas laçadas em alças na pedra, outras vias são inteiras protegidas com essas cordas, fique atento a isso também pois encontramos várias cordas muito deterioradas, com a alma aparecendo.
O fim das vias é sempre  com uma equalização feita de corda com um grande anel central, geralmente em bom estado.  Mas esteja SEMPRE ATENTO,  é bom  prestar muita atenção em relação as proteções e fim de vias para não entrar em uma fria!

fim de via.


Com o guia em mãos fica tudo bem mais fácil. Vale saber que comprando o guia “ King Climbers” em Railay você ainda ajuda os escaladores locais no projeto de regrampeação para a substituição das proteções velhas por Titânio.


Aspectos Gerais:

No geral ir à Tailândia na região de Krabi para escalar é diversão garantida, fora o inconveniente do calor e da areia nos pés e na sapatilha. A região  é linda, paradisíaca e as pessoas são muito simpáticas e prestativas.  Algumas vias, principalmente as mais fáceis estão bastante polidas mas ainda assim se pode escalar perfeitamente.
É com certeza uma ótima pedida na Ásia, lugar obrigatório de escalada esportiva no globo!
Os aspectos culturais da Tailândia são incríveis pois 60% da população é Budista e assim o país todo está repleto de templos e lindos monumentos os quais vale muito a pena conhecer.
Foi uma viajem incrível com muitas surpresas.
Mais uma vez obrigado a La Sportiva Brasil, Via Aventura e YouClimb  pela força e parceria.
Agora é planejar a próxima trip...
Abraços



A linda " Best Route Minnesota" 6C FR
setor Escher Wall em Pranang

Deep Water Solo em Poda Island


escalando a via " Burnt Offerings " 7A+ FR
na Fire Wall em Tonsai

Na Fire Wall em Tonsai

Tonsai, ao fundo as paredes Dum's Kitchen e TYrolean Wall

nossas amigas do Barracuda Tour em Ao Nang
Rua principal de Ao Nang



A curiosa Pranang Cave e suas "pirocas", cultura local!

 " Half  Dragon 7B+ FR em Pranang
Setor Melting Wall Below em Tonsai  

Pranang

Setor Railay East lotado, com vários guias e seus clientes. 
Não deixe de comer o Deep Fried Shrimp no Tonsai Bay

Templo Wat Arun em Bangkok
Wat Arun
  




no barco indo de Ao Nang a Tonsai.


Setor Tyrolean Wall em Tonsai.
Setor Dum's Kitchen em Tonsai

Tyrolean Wall de cima. 

6c+ em Tonsai
Setor Tonsai Roof



macaco com a manga que roubou da nossa cabana, cuidado
com a comida!

piscina pra refrescar no fim do dia!

Tiger Cave em Krabi
Tiger Cave em Krabi





setor Taiwand Wall em Railay
setor Taiwand Wall em Railay



setor Escher Wall em Pranang




Praia de Pranang